Brasiliana nº 7 para saxofone tenor

Radamés Gnattali

(1956 | Orquestração por Paulo Aragão, 2014)

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

 

Entre Villa-Lobos e Tom Jobim, entre a música erudita e a popular, está Radamés Gnattali, compositor sem barreiras, que afirmava: “música, só tem dois tipos: a boa e a ruim”. Nascido em Porto Alegre, iniciou os estudos de piano e violino ainda criança e, posteriormente, frequentou a classe do pianista Guilherme Halfeld Fontainha na Escola de Belas Artes, finalizando o curso com medalha de ouro. Em 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro no intuito de se tornar um concertista. Lá conheceu Ernesto Nazareth, trabalhou como pianista, regente e arranjador e, com a inauguração da Rádio Nacional, em 1936, viu nascer sua carreira como compositor.

 

A Brasiliana nº 7, original para sax tenor e piano, foi dedicada a Sandoval de Oliveira Dias, saxofonista e colega de Radamés na Rádio Nacional. A obra foi arranjada pelo compositor para sax tenor e Quinteto Radamés – uma espécie de formação camerística popular brasileira com piano, acordeom, guitarra, contrabaixo e bateria. A versão orquestral é do violonista Paulo de Moura Aragão, um artista novo, porém influenciado pelo legado de Radamés enquanto arranjador: “Gnattali nos mostrou como é possível usar elementos da música clássica para embelezar ainda mais a música popular”, escreveu Aragão. As Brasilianas incluem quatorze obras escritas para as mais diversas formações. Mestre inigualável na fusão do popular e do erudito, Radamés equilibra em sua arte uma farta quantidade de gêneros e estilos. Na primeira parte da Brasiliana nº 7, Variação sobre um tema de viola, o autor, rapsodicamente, alia o pontear da viola caipira à rítmica do baião nordestino com sopros de George Gershwin. Já o Samba-canção é uma autêntica obra do espírito assumidamente carioca de Radamés, considerado pai da orquestração da MPB e um dos responsáveis pelo surgimento da Bossa-Nova. O Choro, mais ousado composicionalmente, alterna a ginga brasileira e certo langor pós-romântico universalista.

 

Marcelo Corrêa
Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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