On the town

Leonard Bernstein

(1944)

 

Instrumentação: Piccolo, flauta, oboé, requinta, 3 clarinetes, clarone, saxofone alto, 2 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, piano, cordas.

 

Chamado de “garoto-maravilha do mundo musical” pela revista Times, Leonard Bernstein estreou aos 27 anos uma temporada exitosa em Nova York, mantendo seu musical On the town em cartaz, na Broadway, com lotações esgotadas. Àquele tempo, Bernstein, o mais novo herói musical, nervoso, apaixonado, veemente, ainda não se decidira pela composição ou a batuta, pela música erudita ou pelo jazz…

 

O balé Fancy Free e o musical On the town, que se seguiu, foram compostos e estreados no ano de 1944 e têm como personagens principais três marinheiros folgazões em Nova York. Estrutural e musicalmente, porém, são obras bem diferentes entre si. Para On the town, Bernstein recorreu a canções suas, outrora compostas, além de criar novos números em conjunto com o bailarino Jerome Robbins, um judeu-americano, tal qual Leonard, que coreografaria também outros musicais do compositor, como Peter Pan e West Side Story.

 

Três famosos musicais de Bernstein que fazem parte da era de ouro do teatro musical norte-americano têm como pano de fundo a cidade de Nova York e o seu florescer entre as décadas de 1930 e 1950: Wonderful town retrata o glamour dos anos 1930, anteriores à Segunda Guerra Mundial; On the town se passa na década de 1940, em meio a um promissor sentimento de pós-guerra; e West Side Story ambienta um Romeu e Julieta moderno, revivido nas gangues da zona oeste de Manhattan durante a efervescente década de 1950.

 

Em 1943, Bernstein conquistou fama repentina como regente de orquestra, ao substituir o lendário maestro Bruno Walter num concerto da Filarmônica de Nova York. No ano seguinte, o sucesso de On the town fez dele o primeiro compositor sinfônico a colaborar em um musical norte-americano. Bernstein percorrera o caminho inverso ao de Gershwin, indo do erudito ao popular e utilizando sua sólida formação acadêmica para produzir obras acessíveis, contudo de alto nível. “On the town é um exemplo perfeito do que pode uma fusão bem-sucedida de artistas respeitáveis fornecer para o teatro”, escreveu o crítico do The New York Times à época; “(…) tomando um livro de Betty Comden e Adolph Green como base, Leonard Bernstein compôs todos os tipos de canções. Jerome Robbins, com base no balé Fancy Free, forneceu danças perfeitas e, finalmente, uma vez que outros participantes não possuíam experiência em musicais, o diretor George Abbott foi convidado a colocar a engrenagem em movimento.” Abbott, mesmo criticando os episódios sinfônicos de Bernstein como “aquelas drogas à Prokofiev”, não retirou um só compasso da partitura.

 

Bernstein transformou as danças centrais de On the town num conjunto de três episódios para orquestra: The Great Lover, Lonely Town: Pas de Deux e Times Square: 1944. A versão foi estreada em 1946 tendo Bernstein à frente da Orquestra Sinfônica de San Francisco. Em 1949, a MGM transformou o musical em filme, estrelado por Gene Kelly e Frank Sinatra, porém só usou parte da música de Bernstein. On the town ficou em cartaz na Broadway por mais de um ano e teve nada menos que 483 apresentações.

 

Marcelo Corrêa
Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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