Suíte de danças reais e imaginárias

André MEHMARI

(2005)

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta, cravo, cordas.

 

André Mehmari nasceu em Niterói em 1977. Seu interesse pela música foi despertado pelo piano de sua mãe, na sala. Aos oito anos de idade ingressou numa escola de música, em Ribeirão Preto, para onde a família se mudara, e descobriu o jazz e a improvisação. Cinco anos depois, começou a apresentar-se como jazzista e a realizar composições e arranjos. Em 1993 estudou com Roberto Sion e Gil Jardim no Festival de Inverno de Campos do Jordão, ao qual retornou, no ano seguinte, para participar do curso de arranjo de Moacir Santos. Mehmari mudou-se para São Paulo em 1995 e passou a estudar piano com Amílcar Zani e a frequentar os cursos de Willy Corrêa de Oliveira, Olivier Toni, Régis Duprat e Lorenzo Mammi, na ECA-USP. Sua Sinfonia elegíaca conquistou o primeiro lugar no Concurso Nacional de Composição Sinfonia para Mário Covas, em 2001.

 

André Mehmari tem sido premiado tanto na área da música erudita quanto popular. Com a composição Omaggio a Berio, baseada em Monteverdi, venceu o concurso de composição Camargo Guarnieri de 2003, promovido pela Orquestra Sinfônica da USP. Em 2010 assinou contrato com o selo italiano Egea para gravar cinco discos nos próximos anos.

 

Sua música já foi tocada por solistas como Maria João Pires, Ricardo Castro e Fábio Cury, e por grupos como Osesp, Osusp, OSB, Petrobras Sinfônica, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Sujeito a Guincho e Quinteto Villa-Lobos, entre outros. A convite de seu diretor artístico, Eduardo Marturet, em 2015 Mehmari atuou como compositor residente junto à Sinfônica de Miami, quando estreou seu Concerto para dois pianos e orquestra.

 

A Suíte de danças reais e imaginárias foi composta sob encomenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo para o Segundo Concurso Internacional de Regência – Prêmio Osesp, realizado na Sala São Paulo em fevereiro de 2006. A obra foi escrita entre setembro e novembro de 2005. Mehmari a descreve nos seguintes termos:

 

“Partindo de um tema do compositor barroco inglês Henry Purcell (de Fairy Queen), criei uma suíte de danças bem contrastantes, mas sempre dialogando com o tema do prelúdio. Sillywalking foi inspirado num quadro homônimo do Monty Python’s Flying Circus. Gigavalsa, como o próprio nome diz, contém uma giga e uma valsa. Foi criada no auge da crise do mensalão, e o apito utilizado na orquestração representaria a tão esperada punição dos criminosos. Espera, Trégua e Catala seriam as tais danças imaginárias, inspiradas no universo fantástico dos cronopios e famas do escritor argentino Julio Cortázar. Maracastrava encontra uma ponte entre as síncopes stravinskianas e as do maracatu pernambucano. Neste movimento exploro o contraste do rústico com o polido. A Pavana é uma livre variação sobre o tema de Purcell, que leva à sua reexposição, no finale.”

 

A Suíte, composta em nove partes, foi executada pela Osesp, conduzida por John Neschling, nos dias 6 e 7 de julho de 2006, na Sala São Paulo, e no dia 8 de julho, no Auditório Claudio Santoro, durante a abertura do 37º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.

 

Carlos Palombini
Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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