Da Irlanda a Londres

Barry Douglas, regente convidado e piano

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KINSELLA
MOZART
PENDERECKI
HAYDN
Noturno
Concerto para piano nº 23 em Lá maior, K. 488
Três peças em estilo antigo
Sinfonia nº 104 em Ré maior, Hob. I:104, "Londres"

Barry Douglas, regente convidado e piano

A consolidação da carreira internacional de Barry Douglas tem início com a Medalha de Ouro na Competição Internacional Tchaikovsky de 1986, em Moscou. Desde então, Douglas se apresentou com orquestras em todo o mundo, com passagens recentes de destaque pela Sinfônica de Londres e pela Filarmônica de São Petersburgo. Em 1999, fundou a orquestra de câmara Camerata Ireland, da qual hoje é diretor artístico, como forma de explorar e valorizar sua herança musical irlandesa. Em 2016, concluiu as gravações da obra completa para piano solo de Brahms pelo selo independente Chandos, e atualmente se dedica às obras completas também para piano solo de Schubert e Tchaikovsky. Em 2021, Barry Douglas recebeu o título de Comandante da Ordem do Império Britânico (CBE) por seus serviços prestados à música e à comunidade britânica.

Programa de Concerto

Noturno | KINSELLA

O irlandês John Kinsella nasceu em Dublin, em 1932, e trabalhou por muitos anos em cargos administrativos da RTÉ, a emissora estatal de seu país. Paralelamente à carreira na empresa, desenvolveu seu trabalho como compositor, conquistando algum reconhecimento local a partir dos anos 1960. Em 1988, quando ocupava o cargo de Diretor Musical da RTÉ, Kinsella decide antecipar sua aposentadoria para se dedicar exclusivamente à composição. A mudança também solidifica uma virada muito nítida em seu estilo, que vinha tomando forma havia mais ou menos uma década: se, em seus primeiros trabalhos, Kinsella se mostrou muito influenciado pelo serialismo da música experimental europeia, agora, suas composições buscavam uma linguagem mais acessível, de maior apelo popular. Composta em 1990 para orquestra de cordas, Noturno trata-se, na verdade, de um arranjo para o movimento lento de seu Concerto para violino nº 2, escrito no ano anterior. A obra foi estreada em 1994, no Festival de Artes de Galway, pela Orquestra de Câmara Irlandesa.

O Concerto para piano nº 23 foi finalizado em março de 1786 e é uma das obras escritas por Mozart enquanto trabalhava na partitura de As bodas de Fígaro. O compositor havia acabado de completar 30 anos e vivia o auge de sua popularidade em Viena, com convites constantes para apresentações públicas e privadas, além de dezenas de pedidos comissionados pelos instrumentistas e instituições mais destacadas do período. Essa intensa demanda resultou em uma também intensa produção, como era de costume em se tratando de Mozart. Os concertos para piano escritos nessa fase, do K. 449 (nº 14) ao K. 503 (nº 25), estão entre os mais admirados, estudados e executados de todo o repertório. Olhando-os em retrospectiva cronológica, pode-se dizer que eles apresentam uma evolução progressiva no modo como Mozart propõe o diálogo entre instrumento solo e orquestra, bem como no domínio técnico que exige do solista. O Concerto nº 23 é reconhecido por seu melancólico segundo movimento, um adágio lento escrito em fá sustenido menor, uma escala raramente utilizada por Mozart nesse tipo de obra.

A carreira do compositor polonês Krzysztof Penderecki geralmente é dividida em duas fases. Na primeira, de 1958 até 1974, sua música é marcada pela forte adesão aos movimentos de vanguarda, apresentando ritmos enérgicos, dinâmicas bruscas e texturas pouco comuns. A segunda fase, de 1975 até sua morte, em 2020, apresenta um inesperado retorno a formas e padrões consolidados em séculos passados, gerando composições menos agressivas e mais centradas na melodia. Por isso, causa certo estranhamento descobrir que suas Três peças em estilo antigo foram compostas no início da carreira, em 1963, durante seu período mais experimental. São três movimentos curtos, uma ária e dois minuetos, com forte inspiração barroca. A obra foi escrita para o filme O manuscrito de Saragoça, de Wojchiec Has, que se passa durante as Guerras Napoleônicas, e tem o intuito de representar alguns personagens e a música da época. Combinadas às composições eletroacústicas da trilha (estas sim bem mais características da primeira fase), as Três peças contribuem para criar a ambiguidade espaço-temporal de tons fantásticos do longa-metragem. Em alguma medida, operam também como um elemento de coesão na trajetória de Penderecki, um indicativo antecipado do que estava por vir.

Depois de três décadas servindo à poderosa família Esterházy, uma das mais ricas da nobreza húngara no final do século XVIII, Haydn se mudou para Londres a convite do violinista e realizador de concertos Johann Peter Salomon. Nas duas temporadas que passou em terras britânicas, escreveu suas últimas doze sinfonias, todas comissionadas por Salomon. Longe das demandas da corte e impulsionado pela grande fama que já havia conquistado, Haydn se sentiu mais à vontade para exercer sua liberdade criativa e experimentar novas ideias. As Sinfonias de Londres, como são chamadas, representam o ponto máximo de sua evolução como compositor sinfônico. São obras que crescem em complexidade e nas quais é possível perceber o esforço do artista em alcançar novos territórios. O entusiasmo de Haydn com a efervescência cultural londrina é notável em todo o conjunto, mas aparece especialmente na Sinfonia nº 104 – não é à toa que seu apelido é justamente “Londres”. A Centésima Quarta foi a última sinfonia completa escrita por Haydn e funciona como uma boa síntese dessa fase tão inspirada e feliz. A obra também ficou conhecida como “Salomon”, homenageando, assim, tanto a cidade como o benfeitor que a apresentou a Haydn.

26 out 2023
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

27 out 2023
sexta-feira, 20h30

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