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A carreira do compositor polonês Krzysztof Penderecki geralmente é dividida em duas fases. Na primeira, de 1958 até 1974, sua música é marcada pela forte adesão aos movimentos de vanguarda, apresentando ritmos enérgicos, dinâmicas bruscas e texturas pouco comuns. A segunda fase, de 1975 até sua morte, em 2020, apresenta um inesperado retorno a formas e padrões consolidados em séculos passados, gerando composições menos agressivas e mais centradas na melodia. Por isso, causa certo estranhamento descobrir que suas Três peças em estilo antigo foram compostas no início da carreira, em 1963, durante seu período mais experimental. São três movimentos curtos, uma ária e dois minuetos, com forte inspiração barroca. A obra foi escrita para o filme O manuscrito de Saragoça, de Wojchiec Has, que se passa durante as Guerras Napoleônicas, e tem o intuito de representar alguns personagens e a música da época. Combinadas às composições eletroacústicas da trilha (estas sim bem mais características da primeira fase), as Três peças contribuem para criar a ambiguidade espaço-temporal de tons fantásticos do longa-metragem. Em alguma medida, operam também como um elemento de coesão na trajetória de Penderecki, um indicativo antecipado do que estava por vir.