Um concerto carioca

Fabio Mechetti, regente
Ayumi Shigeta, piano
Neto Bellotto, contrabaixo
Rafael Alberto, bateria

|    Allegro

|    Vivace

R. MIRANDA
GNATTALI
TCHAIKOVSKY
Horizontes
Concerto Carioca nº 2
Sinfonia nº 6 em si menor, op. 74, “Patética”

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School.

Camerista premiada em diversos concursos nacionais, Ayumi Shigeta apresentou-se como solista na Filarmônica de São Paulo, na Orquestra da Rádio e Televisão Cultura e na Osesp, onde tem atuado também como tecladista convidada. Aperfeiçoou-se em festivais, aulas e masterclasses com professores e pianistas renomados, como Paul Rutman, Paul Badura-Skoda e Gilberto Tinetti. Natural de Hyogo-ken, Japão, Ayumi se mudou para o Brasil em 1977. Aos quinze anos, realizou seu primeiro recital solo, no Masp, executando o Concerto de Brandemburgo nº 5 de Bach. Estudou na Escola Municipal de Música de São Paulo e na Fundação Magda Tagliaferro, onde é professora de piano desde 2000. Graduou-se pela Faculdade Mozarteum e é Mestre pela Unicamp, sob orientação de Eduardo Garcia e Mauricy Martin. Com bolsa da Fundação Vitae, formou-se em Cravo sob a orientação de Ilton Wjuniski na Fundação Magda Tagliaferro. É Tecladista Principal da Filarmônica desde 2010.

Um dos principais nomes da nova geração de contrabaixistas brasileiros, Neto Bellotto é instrumentista da Filarmônica desde 2010 e, desde 2016, seu Principal Contrabaixo. Como solista, apresentou-se com a própria Filarmônica e com outras orquestras brasileiras. É fundador, diretor artístico, arranjador e membro do quinteto DoContra, que cria releituras no contrabaixo para obras do repertório clássico e popular brasileiro, como Villa-Lobos, Tom Jobim e Edu Lobo. Em 2019, o grupo lançou seu primeiro álbum, Paraíso, dedicado ao cantor e compositor Flávio Venturini. Ainda nessa ponte com a música popular, Neto se apresentou com grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Alceu Valença e Leila Pinheiro. Como arranjador, é parceiro do grupo Skank. Em seus estudos, foi orientado por Pedro Gadelha, Ana Valéria Poles, Sérgio de Oliveira e Fábio Calvazara Júnior. Foi aluno da Academia de Música da Osesp e Primeiro Contrabaixo das sinfônicas de Heliópolis e de Bragança Paulista e da Orquestra Jovem de Atibaia.

Rafael Alberto é Percussionista Principal da Filarmônica desde 2011. Natural de Santos (SP), iniciou seus estudos formais em música no Conservatório de Tatuí, sob orientação de Javier Calvino e Luis Marcos Caldana. Seguiu na Universidade Estadual Paulista (Unesp), graduando-se sob orientação de John Boudler, Carlos Stasi e Eduardo Gianesella. Em 2011, concluiu seu mestrado em Música pela Stony Brook University, em Nova York, como aluno de Eduardo Leandro. Integrou a Orquestra Sinfônica de Stony Brook e o Contemporary Chamber Players, grupo especializado em música dos séculos XX e XXI. Em 2014, participou do 33º Cloyd Duff Timpani Masterclass, na Universidade de Georgia (EUA). Juntamente com Leonardo Gorosito, é membro-fundador do Desvio, grupo dedicado a compor e interpretar novas peças para percussão. O duo tem dois discos de composições autorais, sendo o segundo, Brazilian Rhythms, lançado pelo selo Naxos. Suas peças têm sido executadas por músicos de países como Inglaterra, França, Bélgica, Japão, Singapura, Dinamarca e Estados Unidos. Como solista junto à Filarmônica, Rafael executou o Concerto para vibrafone, de Ney Rosauro, em 2012; o Concerto para vibrafone, de Villani-Côrtes, em 2017; e Rebonds B, de Xenakis, em 2022.

Programa de Concerto

Horizontes | R. MIRANDA

A obra do carioca Ronaldo Miranda pode ser dividida em fases: a estudantil; uma segunda, quando pratica o atonalismo livre; uma terceira, em que opta pelo neotonalismo ou neorromantismo; e a atual, na qual realiza uma síntese de técnicas composicionais tradicionais e modernas, construindo uma expressividade própria. Horizontes foi composta em 1992 para as comemorações dos 500 anos do descobrimento da América. A peça é um bom exemplo do encontro entre as diversas fases do compositor. No primeiro movimento, "A Partida", o autor sugere o clima de ansiedade causado pela viagem, talvez sem retorno, quando utiliza combinações musicais atonais e pontilhistas que se desenvolvem até atingir uma massa sonora vigorosa com trompetes. O segundo movimento, "A Espera", é uma canção (ou modinha) nostálgica e pungente em modo menor, em alusão ao aspecto de calmaria. O terceiro e último movimento, "A Descoberta", inicia-se com um solo de clarinete evocando o canto e o voo de um pássaro solitário que anuncia a terra firme. A seguir, o autor desenvolve uma seção minimalista que sugere a ansiedade frente ao mundo novo e, após um tutti com caráter épico, direciona a obra para uma finalização novamente em estado de calmaria, realizando ainda a síntese de atonalismo (o desconhecido) e neotonalismo (o conhecido).

Radamés Gnattali compôs seus três Concertos Cariocas com grande espaçamento de tempo entre eles – o primeiro em 1950, o segundo em 1964 e o terceiro em 1972/1973 –, mas todos compartilham o mesmo desejo de aproximar a orquestração sinfônica dos ritmos populares, especialmente o samba e o jazz. O Concerto Carioca nº 2 foi escrito a pedido do baterista e percussionista Helcio Milito, na época integrante do Tamba Trio, ao lado de Luiz Eça no piano e de Bebeto Castilho no baixo, saxofone e flauta. Pioneiro do jazz brasileiro, o Tamba Trio foi um conjunto que ajudou a desenvolver outras linguagens para o samba nos anos 1960, contribuindo para a consolidação da bossa nova. O Concerto Carioca nº 2 é dedicado a eles, por isso sua instrumentação original é formada por um trio solista de piano, contrabaixo e bateria, que é acompanhado pela orquestra ao longo dos três movimentos da obra: “Samba”, “Samba-canção” e “Choro”. Apesar da dedicatória, curiosamente o Tamba Trio nunca chegou a estrear a obra, segundo boatos por conta da relação ruim entre Eça e Gnattali. O segundo Concerto Carioca só viria a ser apresentado publicamente em 1970, na TV Globo, com Edgard “Bituca” Nunes Rocca na bateria, Pedro Vidal no contrabaixo e o próprio Radamés ao piano.

Tchaikovsky terminou a composição de sua sexta e última sinfonia em agosto de 1893 e regeu a estreia no dia 28 de outubro do mesmo ano, em São Petersburgo. Nove dias depois, morria de causas ainda não comprovadas. A história desta obra é cercada de mistérios indecifráveis. A estreia foi um fracasso, aparentemente por se tratar de uma música muito intimista. De acordo com algumas cartas de Tchaikovsky, suas sinfonias eram como “confissões musicais”, capazes de “expressar tudo aquilo para o qual não existem palavras”, principalmente questões como Vida, Morte, Amor e Beleza. O que estaria o compositor, então, tentando nos dizer, nesta sua carta de adeus? Provavelmente, das suas desilusões amorosas e musicais, da sua impotência frente às dificuldades da vida… Possivelmente, da sua angústia com o vazio que se descortinava, um vazio causado pelo fato de que tudo que ele amava e acreditava fosse eterno, estivesse, talvez, se dissolvendo… Após a estreia da Sexta Sinfonia, Tchaikovsky escreveu a seu sobrinho Vladimir Bob Davydov, a quem é dedicada a obra: “considero esta sinfonia a melhor de todas as obras que escrevi. Em todo caso, é a mais sincera. E eu a amo como jamais amei qualquer de minhas partituras”.

23 mar 2023
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

24 mar 2023
sexta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais
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