|    10 dez 2020

Maestro indica “Concerto para piano em lá menor” de Schumann

O piano de Schumann com Nelson Freire

O piano de Schumann com Nelson Freire

Por Fabio Mechetti

Uma das personagens mais marcantes e emblemáticas do Romantismo foi o alemão Robert Schumann. Dono de uma personalidade única e intelectualidade invejável, Schumann foi reverenciado por todos os compositores contemporâneos. Como crítico e escritor, ele foi um dos primeiros a definir e influenciar com suas palavras toda uma geração de criadores que se embrenhavam na exploração de uma nova linguagem apegada à subjetividade, aos sentimentos íntimos, ao testemunho próprio e à busca de um ideal baseado não nos exemplos formais caracterizados pelo Classicismo, mas à expressão da alma enquanto valor humanístico universal.

Como compositor, ele se utiliza da herança da geração precedente, especialmente Beethoven e Schubert, adiciona um sentimento de liberdade formal proposto por Chopin e Berlioz e adentra as explorações harmônicas que influenciariam sobremaneira Brahms, Wagner e Liszt.

Em sua relativamente curta e intensa vida, vítima de quadros maníaco-depressivos profundos, que eventualmente o levaram a crises mentais severas, Schumann escreveu para todos os gêneros, mas sua marca maior ficou na literatura devotada ao piano. Seja em suas peças para piano solo, música de câmara ou para piano e orquestra, Schumann deixou um legado impressionante que até hoje é visto com admiração e absoluto respeito.

Embora grande pianista, e tendo escrito dezenas de obras para o instrumento, Schumann só nos deixou um concerto para piano, além de algumas peças menores para esta combinação. Em seu querido Concerto em lá menor, Schumann apresenta um amálgama de recursos virtuosísticos aliados a uma grande expressão lírica e profundamente sensível. Em seus três movimentos contínuos, somos expostos justamente à personalidade instável do compositor: da tristeza ao lirismo e esperança e, destes, ao regozijo que conclui essa peça magnífica.

Um dos maiores intérpretes da obra de Schumann é o nosso querido mineiro Nelson Freire. Com sua costumeira mescla de insuperável técnica e sentimentalidade extrema, confere a essa gravação, com a Orquestra Filarmônica de Roterdã regida por Claus Peter Flor, uma alta qualidade, energia e intimidade.

Confiram.

 

 

Créditos da imagem: pintura de Josef Kriehuber