|    28 dez 2020

Maestro indica “Concerto para piano nº 2” de Rachmaninov

O adorado Segundo Concerto de Rachmaninov com Volodos

O adorado Segundo Concerto de Rachmaninov com Volodos

Por Fabio Mechetti

Dentre as obras mais familiares do repertório erudito, tanto entre conhecedores como leigos, está o Segundo Concerto para piano de Sergei Rachmaninov. A beleza de suas melodias e o virtuosismo requerido para tocá-lo bem fazem deste concerto um dos mais executados em todo o mundo.

Rachmaninov foi, talvez, o último daqueles compositores que escreveram obras para piano com o intuito primeiro de divulgarem não o seu talento composicional, mas sim o de pianistas magistrais que eram. Guardadas as proporções e as circunstâncias de época, ele seguiu a mesma linha proposta por Mozart (com seus 27) e Beethoven (com seus 5) concertos para piano. A figura do compositor-intérprete foi perdendo seu espaço ao longo do século XIX, à medida que compositores foram se aprofundando cada vez mais em sua própria arte, acabando por optar pela carreira criativa em vez da performática.

Num outro ponto, Rachmaninov também se distingue na história da música como alguém voltado a seguir parâmetros retroativos ao invés de se aventurar em novos caminhos. Contrário às tendências estéticas de sua época, que, cada vez mais, se enveredavam pelos caminhos atonais da música dodecafônica ou de forte exploração experimental, Rachmaninov se manteve fiel à música romântica e pós-romântica, até mesmo esquivando-se de críticas muitas vezes impiedosas sobre o fato de ser um compositor “retrógrado”, desatento à música do momento.

Felizmente, ele não se deixou levar pelas controvérsias e seguiu em frente, deixando-nos algumas das obras musicais mais expressivas de todo o século XX.

Dos seus quatro concertos para piano, o Segundo se revestiu de uma adoração toda especial, transformando-se num dos paradigmas do repertório pianístico de toda a história.

Na minha carreira, tive oportunidade de trabalhar com vários dos pianistas mais emblemáticos das últimas décadas: Magda Tagliaferro, Alicia de Larrocha, Leon Fleisher, Nelson Freire, Arnaldo Cohen. Dentre aqueles com quem ainda não trabalhei, e gostaria muito de que isso acontecesse, está Arcadi Volodos, um nome ainda não tão reconhecido, mas que simboliza muito daquilo que acredito ser essencial aos grandes músicos: técnica, musicalidade, imaginação, compreensão das intenções do compositor e do fazer musical. Vejam nesta apresentação ao vivo no Proms de Londres com regência de Riccardo Chailly.

A todos, uma boa audição.

 

 

Crédito da imagem: Foto de Sergei Rachmaninov, parte da coleção George Grantham Bain, na Library of Congress