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Essa serena missa de mortos em todo destoa de trabalhos anteriores, como os de Berlioz, Verdi e Mozart. A primeira execução pública do Requiem de Gabriel Fauré, em 16 de janeiro de 1888 na Igreja da Madeleine, em Paris, teve uma fria recepção. Em evidente ruptura com a tradição musical dos Requiem românticos, o compositor optou por se concentrar na ideia da paz e do repouso eterno. Feita em memória do pai do compositor, a partitura apresenta uma paradoxal e delicada mistura de inocência e sabedoria, que gerou estranheza entre os críticos. “Tem sido dito que o meu Requiem não expressa medo pela morte e alguém o chamou de canção de ninar fúnebre. Mas é assim que eu vejo a morte, uma entrega feliz, uma aspiração à felicidade celestial, mais do que uma experiência dolorosa”, o compositor afirmou muitos anos depois, em 1902. No entanto, a surpreendente leveza na música se deve a muitas escolhas composicionais que aprimoram a visão de Fauré sobre vida e morte: os violinos, normalmente divididos em duas seções, aqui aparecem em uma; já as violas e os violoncelos são divididos em primeira e segunda seção. Não há agitação e carga dramática. A extraordinária sutileza de Pie Jesu e In Paradisum transformaram esses dois movimentos em algumas das mais belas melodias do compositor.