Os caminhos da ópera no Brasil

Fabio Mechetti, regente

|    Fora de Série

NUNES GARCIA
NEPOMUCENO
MIGNONE
J. G. RIPPER
GOMES
GOMES
Abertura Zemira
O Garatuja: Prelúdio
O contratador de diamantes: Congada
Abertura Cartagena
Salvator Rosa: Sinfonia (Abertura)
O Guarani: Protofonia

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School. Em 2024, realizará concertos com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e a Sinfônica de Porto Alegre, além de retornar ao Teatro Colón, em Buenos Aires.

Programa de Concerto

Abertura Zemira | NUNES GARCIA

José Mauricio Nunes Garcia, filho de pai e mãe alforriados, teve de enfrentar desde cedo as contradições de uma ascendência negra em Brasil escravocrata. Aos 26 anos já despontava como músico profissional, tornando-se Mestre de Capela da Sé e da Catedral do Rio de Janeiro. Com a chegada da Família Real em 1808, quando tinha apenas 31 anos, foi nomeado Mestre da Real Capela. Sua produção é hegemonicamente religiosa. Porém, há lugar também para obras de caráter secular, sempre ligadas a um viés dramático. A Abertura Zemira, composta cinco anos antes da transferência da Corte, insere-se nesse sofisticado leque. A Abertura, como gênero musical autônomo, surge na segunda metade do século XVIII. Nesse sentido, a obra de Nunes Garcia, escrita em estilo clássico, confirma a intimidade do brasileiro com a música de concerto de sua época, mesmo antes da vinda de D. João VI e companhia.

Tido pela crítica modernista do final da primeira metade do século XX como um arauto do nacionalismo musical brasileiro, Alberto Nepomuceno é conhecido por ser um dos primeiros a empregar sistematicamente elementos do nosso folclore em suas composições. Foi defensor ferrenho das causas republicana e abolicionista, e atuou como diretor do Instituto Nacional de Música e maestro da Associação de Concertos Populares, realizando um trabalho que teve consequências determinantes para a cultura musical do país. Seu grande interesse pela literatura brasileira e pela valorização da canção em língua portuguesa aproximou-o de alguns dos mais importantes escritores da época, como Coelho Netto, Machado de Assis e Olavo Bilac. O Garatuja é uma comédia lírica, baseada na obra homônima de José de Alencar, com libreto do próprio Nepomuceno. Segundo o compositor, trata-se de uma ópera verdadeiramente brasileira quanto à ambientação carioca, ao uso atualizado da língua portuguesa e à valorização dos ritmos populares, com a marcação sincopada do maxixe e do lundu. Nepomuceno dedicou a esse Prelúdio um longo trabalho, concluindo-o em 1904. Sua première ocorreu no mesmo ano, no Rio de Janeiro, sob a direção do autor. Poucos dias antes da morte de Nepomuceno em 1920, O Garatuja foi apresentado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro sob regência de Richard Strauss.

Francisco Mignone iniciou seus estudos com o pai, o flautista italiano Alferio Mignone, e com o pianista Silvio Motto. Após uma infância cercada de música em casa e no conservatório, diplomou-se em flauta, piano e composição. Em Milão (Itália), estudou com Vincenzo Ferroni, de quem recebeu orientações para a criação de O contratador de diamantes, ópera em três atos com libreto de Gerolamo Bottoni. Parte de seu segundo ato, a Congada, que já havia sido apresentada como uma peça independente em 1922, em São Paulo, e em 19 de julho de 1923, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro — sob regência de Richard Strauss à frente da Filarmônica de Viena! —, atingiu notável popularidade. O nome se relaciona à manifestação religiosa e cultural afro-brasileira, com um bailado que recria a coroação do rei e da rainha do Congo.

Depois de O Guarani (1870) e Fosca (1873), Carlos Gomes deixou de lado a amizade e os laços com a Casa Lucca e entregou seu próximo trabalho aos cuidados de Giulio Ricordi. Aplaudida pela crítica milanesa, a Fosca não foi sucesso de público nas poucas récitas que recebeu em Milão e Modena. Logo após sua criação, em 1873, o compositor percebeu que se fazia necessária uma guinada em direção à ópera italiana, abandonando os esquemas franceses ou alemães. O resultado desta guinada é Salvator Rosa, estreada em Gênova em 1874, seu segundo maior sucesso na Itália e a ópera que mais lhe rendeu dinheiro. A partir de então, Carlos Gomes estaria estreitamente ligado à Casa Ricordi. O contrato firmado com os Ricordi para Salvator Rosa era muito mais vantajoso para Carlos Gomes, o que se refletiu em mais liberdade e uma leveza elaborada, o que não se nota em seus trabalhos anteriores.

Carlos Gomes se inspirou no romance indianista O Guarani, de José de Alencar, para compor sua ópera de mesmo nome. A obra em quatro atos, com libreto em italiano de Antônio Sclavini e Carlo D’Orneville, trata da história de amor de Ceci e Peri. A montagem estreou com grande sucesso em 19 de março de 1870 no Teatro Scala de Milão – a estreia brasileira só veio em dezembro do mesmo ano, no Rio de Janeiro. A Protofonia, ou Abertura, é sem dúvida o tema mais conhecido dessa criação de Carlos Gomes.

14 set 2024
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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